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Ensaio mostra como vivem casais homossexuais na repressora Rússia

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O mundo tem acompanhado perplexo às notícias da Rússia relacionadas com a legislação que proíbe qualquer tipo de manifestação pública de homoafetividade, bem como a adoção de crianças por casais gays dentro e fora do país, além da severa repressão do governo aos protestos no país.

Ou seja, qualquer marcha, pôster, parada LGBT, revista, livro, filme ou informativo sobre o assunto pode ser enquadrado como ato criminal, assim como qualquer pessoa que se identificar publicamente como sendo gay. Essa lei ‘anti-propaganda gay’, assinada em junho deste ano por Vladimir Putin, veio para ‘oficializar’  uma política anti-LGBT na Rússia, que já vem da então União Soviética que existiu entre 1922 e 1991 e que tinha políticas homofóbicas em seu regime comunista.

Em face dessa situação alarmante, a fotógrafa britânica Anastasia Ivanova viajou até à Rússia, para saber como vivem os casais homossexuais sob um regime tão cruel, resultando no ensaioFrom Russia With Love, que registra suas histórias, medos e anseios.

Para o governo russo, estes casais são foras-da-lei.

Irina, 27 e Antonina, 31 anos:

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“Temos contatos sociais, amigos em comum e um pouco de sorte para agradecer ao nosso primeiro encontro. Depois disso, demorou apenas alguns dias de conversa pela internet e telefone antes de decidirmos se encontrar. Quatro anos depois, ainda estamos apaixonadas.

Nós somos muito modestas em público. Nunca nos beijamos apaixonadamente na frente de pessoas, da mesma forma como se fôssemos um casal heterossexual. Há algo muito pessoal sobre demonstrar afeto.

Os gays não têm quaisquer direitos legais na Rússia. Com a nova lei, nossas relações estão em algum lugar entre o legal e o ilegal. É tudo muito triste.

No futuro, tudo o que queremos é manter a nossa pequena família unida. Talvez, se tivermos sorte, um dia vamos ter um filho.”

Kate, 29 e Nina, 32 anos:

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“A tragédia nos uniu. Kate estava comemorando o aniversário de sua amiga em um barco quando ele colidiu com outro. Nove das 16 pessoas a bordo morreram, mas Kate sobreviveu, e Nina estava entre aqueles que chegaram ao local. Demorou cinco meses para perceber que estávamos apaixonadas e queríamos ficar juntas.

Antes de nos conhecermos, Nina era casada. Agora estamos juntas há um ano e meio. Em público, tentamos não esconder nossos sentimentos, e somos determinadas a dar as mãos e nos beijar livremente, mas a situação dos direitos gays na Rússia vai acabar mal. O modo como vivemos nos faz foras-da-lei.

Neste momento, o nosso futuro é incerto. Embora nós não queremos guerra ou revolução, queremos viver abertamente.”

Katerina, 20 e Zhanna, 25 anos:

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“Já se passaram dois anos desde que nos conhecemos. Nossos caminhos se cruzaram primeiro em um festival em São Petersburgo. Nós conversamos e trocamos telefone, antes de ir no nosso primeiro encontro, onde Zhanna disse que nunca me deixaria. Ela não o fez e ainda somos felizes juntas hoje.

As pessoas tendem a olhar para nós com uma mistura de surpresa e desaprovação quando expressamos em público afeto. Às vezes, podemos ouvi-los dizer sobre Zhanna: “É um menino?”

A situação dos direitos humanos na Rússia parece estar a piorar com o tempo. Gostamos de acreditar que um dia o país vai ser livre e feliz, mas na realidade as políticas que nosso governo está tentando implementar não parece ser aquelas que levam a um futuro brilhante.

Eventualmente, o nosso plano é deixar o país e ir para a Europa. Dessa forma, podemos viver a nossa vida ao máximo e parar de se esconder.”

Victoria, 24 e Dasha, 27 anos:

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“Nascemos e fomos criadas na mesma cidade. Foi só mais tarde que nos deparamos uma com a outra, depois de termos sido apresentadas por amigos em comum em São Petersburgo.

Fora de casa, andamos sempre de mãos dadas e nos beijamos na bochecha. Às vezes, você percebe um olhar e certa vez tivemos uma experiência ruim, quando uma pessoa jogou uma pedra enquanto estávamos andando de mãos dadas em um parque.

Victoria trabalha para uma organização LGBT, por isso ela é muito bem informada sobre a situação dos direitos gays na Rússia. Aqui as pessoas têm uma atitude bastante agressiva em relação à homossexualidade. Principalmente por causa do governo, que está incentivando a homofobia. 

As coisas poderiam ter sido muito diferentes entre nós. Apenas duas semanas antes de nos conhecermos, Dasha estava planejando uma mudança para a República Checa, mas o nosso encontro mudou isso.

Hoje, nós amamos viver em São Petersburgo, mas entendo que pessoas como nós não podem ter uma vida tranquila aqui. Esperamos um dia ter um Jack Russell Terrier. Agora, só queremos a simples felicidade humana.”

Olgerta, 54 e Lisa, 48 anos:

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“Quando nos apaixonamos, estávamos numa idade ‘ respeitável ‘. Nunca pensamos que uma bela história tão romântica nunca iria acontecer com a gente, mas depois de nos conhecermos em 2008 em Moscou e trocarmos cartas todos os dias, logo percebemos que não poderíamos viver separadas.

Fomos militantes por quase 15 anos. Muitas coisas que foram alcançadas na Rússia no século passado foram eliminadas nos últimos dois anos. E não está ficando melhor. Muitos gays e lésbicas são demitidos do trabalho. São presos em protestos, espancados, assassinados e estão com mede de perder seus filhos por causa das reivindicações que se vermos pessoas gays vai irá prejudicar a saúde e desenvolvimento mental.

Às vezes, nossos amigos gays na Alemanha, Estados Unidos ou Inglaterra falam sobre suas vidas, e sentimos como se estivessem em outro mundo. Sem dúvida, eles pensam o mesmo sobre nós.

Nosso futuro é simples. Devemos ir embora.”

Tasha, 33 e Ksenia, 39 anos:

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“Nos conhecemos através de amigos e estamos juntas há quase um ano e meio. Em público expressamos nosso afeto de forma contida. Nunca tivemos quaisquer reações negativas, mas não há direitos dos homossexuais aqui na Rússia. Neste momento, estamos à procura de uma ” rota de fuga “.

Olga, 32 e Ulia, 28 anos:

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“Nos conhecemos através de amigos em comum, mas não como você pensa. Ulia costumava viajar para Moscou, em uma viagem de negócios a São Petersburgo ela perdeu seu telefone. Só no hotel e sem seus contatos, ela pediu a uma amiga para encontrar uma companhia para a noite. A pessoa que chegou foi Olga.

No começo era estranho, porque não nos conhecíamos muito bem, mas com chega da noite nossas conversas ficaram mais profundas. Ulia partiu para São Petersburgo pela manhã, mas mantivemos contato, e passou meses viajando entre as duas cidades. Recentemente, Ulia deixou seu emprego e se mudou para Moscou.

Apesar de se sentir mais livre na cidade, só expressamos afeto quando estamos certos de que as pessoas ao nosso redor são tolerantes. Não há direitos dos homossexuais na Rússia. 

Por enquanto, só queremos viver.”

Recentemente, em virtude dos Jogos Olímpicos de Inverno do ano que vem e por ter muitos atletas assumidamente gays, a organização All Out lançou a campanha #LoveAlwaysWins, fazendo um chamado para que o Comitê Olímpico Internacional se posicione contra a lei ‘anti-gay’, com um belo vídeo que mostra uma atleta imaginando a comemoração do ganho de uma medalha com sua companheira, para logo depois perceber que não poderia fazer isso na Rússia. Veja:

Originalmente postado pelo Razões Para Acreditar e reproduzido pelo Hypeness


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